Inquieta Ansiedade. Obras da coleção Rui Victorino é uma exposição que apresenta ao público, pela primeira vez, um conjunto de 60 obras de arte moderna e contemporânea, da coleção privada do médico e investigador Rui Victorino.
Os artistas são predominantemente portugueses, incluindo alguns autores internacionais. A escolha foi a de mostrar uma das linhas estruturantes da coleção, expondo alguns dos principais protagonistas dos modernismos, em Portugal, confrontando obras de tendência figurativa e não figurativa (Amadeo de Souza Cardoso, Almada Negreiros, Mário Eloy, Pomar, Vieira da Silva, Arpad Szenes, Eduardo Luís, António Quadros, Areal, Fernando Lanhas, Joaquim Rodrigo, Nadir Afonso…), e observando prolongamentos experimentais que aconteceram até aos anos 1970 e de que a coleção é representativa (Menez, Paula Rego, Helena Almeida, Jorge Pinheiro, Álvaro Lapa, Lourdes Castro, René Bertholo, Escada, Ana Vieira, João Vieira, Eduardo Nery, Noronha da Costa, Jorge Martins…).
Quis-se valorizar as inquietações dos artistas que souberam interpretar com ousadia e atualidade os movimentos estéticos do seu tempo e sublinhar a modernidade artística, proporcionada, em larga medida, pela saída dos artistas, muitos com destino privilegiado para Paris e para Londres, onde tiveram oportunidade de se profissionalizar, de mergulhar em referências internacionais e de se comparar com os pares.
Foram destacados raros autores internacionais da coleção para potenciar a narrativa (Vasarely, Albers, Sónia Deaunay), sobretudo de um ponto de vista referencial. O mesmo se fez com algumas obras contemporâneas, um núcleo que tem vindo a crescer dentro da Coleção e que, colocadas com outras cronologicamente anteriores, vieram alargar a sua leitura, oferecer pontos de contato inesperados e linhas de continuidade entre autores (Ana Jotta, José Pedro Croft, Rui Chafes, Cabrita, Francisco Tropa, Miguel Ângelo Rocha). Também alguns núcleos autorais mereceram atenção, para singularizar o olhar de enfoque que tanto atrai o colecionador.
Integrada numa linha programática que pretende mostrar coleções particulares na FASVS, a exposição tem a curadoria de Adelaide Duarte, e deve o seu título a Diogo de Macedo, que, num texto de 1946, nos falou de uma inquieta ansiedade que identificou no percurso artístico de Mário Eloy, um dos artistas mais representados na Coleção Rui Victorino.
Adelaide Duarte