Rui Chafes expõe na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva Isto não sou eu, escultura de 2022, criada para duas salas do edifício pombalino, e as esculturas Desabrigo (I, II e III), de 2020, que são apresentadas suspensas na galeria grande do museu.
Rui Chafes desenha um percurso que une as salas, distantes entre si no espaço do museu, criando dois momentos distintos na arquitectura e na apresentação das obras em exposição.
Dois momentos no espaço – dois espaços separados por mais de um século na sua génese, o edifício onde funcionou a Fábrica de Tecidos de Seda, de meados do século XVIII e o edifício fabril, que compõe a galeria grande, construído em 1923. Apesar de serem hoje parte de um espaço único, a Fundação, foram mantidas e são visíveis as marcas que revelam a autonomia de cada um dos edifícios anterior à sua união e transformação em museu.
«Dois momentos e uma mesma vontade de encarar o vazio como único destino possível da arte. Como no final não iremos encontrar nada, o melhor é irmos vendo quem vamos sendo. Ainda não somos o que fomos, ainda estamos a caminho de nós próprios.»
A busca do vazio através da materialidade da escultura em ferro, mostrada dentro de um espaço que encerra vazios – a arquitectura –, pode ser um jogo de contrários ou um jogo de descobertas. Não há um único caminho, real ou físico – as galerias estão interligadas num percurso circular –, como não há um único caminho conceptual ou mental – o livre arbítrio a determinar os muitos possíveis destinos, de quem olha, de quem cria. Afinal isto não somos só nós e a escultura veste-nos apenas onde a pele consente.
A exposição Desabrigo é organizada em parceria com a Fundação Carmona e Costa e em colaboração com a Galeria Filomena Soares. Pode ser visitada até 15 de janeiro de 2023.