A Colecção do Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva reúne um significativo núcleo de pintura e desenho, que cobre um vasto período da produção dos dois artistas: de 1911 a 1985 para Arpad Szenes, e de 1926 a 1986 para Vieira da Silva. O núcleo de gravura da artista inclui também obras de 1990 e 1991, um ano antes da sua morte.
A colecção de obras de arte do Museu incorpora ainda obras de artistas contemporâneos do casal, seus amigos, admiradores ou discípulos – no caso de Arpad Szenes, donde se destaca um conjunto de obras de artistas portugueses, na sua maioria em início de carreira.
A colecção integra ainda edições especiais ilustradas por Arpad Szenes e Vieira da Silva, um importante núcleo de fotografia proveniente do arquivo pessoal dos artistas e um fundo epistolográfico de cerca de 4 000 itens que remonta aos anos 1930, data coincidente com a ida de Vieira da Silva para Paris e posterior casamento com Arpad Szenes e engloba a correspondência do casal Szenes com artistas e intelectuais portugueses e estrangeiros ao longo de décadas.
A colecção de obras de arte do museu pode ser agrupada segundo três grandes núcleos, relativamente à data e tipo de incorporação.















![Vieira da Silva - Londres, 1959“Depois de ter explorado espaços fechados, Vieira da Silva tratou temas de exteriores que lhe permitiram abordagens diferentes da espacialidade e a exploração de outros valores da pintura. São constantes as referências à paisagem urbana, temática privilegiada de Vieira da Silva, à cidade natal, de eleição, de exílio, de viagens, imaginárias e míticas, em que as estruturas da cidade encontram afinidades íntimas com preocupações pictóricas.Feita numa fase de maturidade, Londres faz parte de uma série de pinturas sombrias da produção da pintora dos anos 1950-1960. Foi no período em que viveu no Brasil (1940-1947) que Vieira da Silva criou um novo tipo de arquitectura das formas ligadas à paisagem urbana, construções da cidade, cujos planos se organizam verticalmente. Mais tarde, fez experiências privilegiando construções impálpaveis em detrimento das linhas, como é o caso de Londres.Composição descentrada, não existindo nem ponto focal nem eixo, a mancha pictórica parece estender-se para além dos limites do enquadramento. Ao contrário das inúmeras obras de composição centrada, exemplos de descentragem como este são bastante raros. Da mesma forma como experimenta a descentragem, Vieira da Silva explora também o desenquadramento, neste caso contrariado por elementos de composição ou de luz. O ordenamento ortogonal das manchas de cor contribui para a solidez da estrutura, rodeada de áreas nebulosas que evocam as brumas lendárias de Londres, [e] os elementos visuais são organizados e conjugados na composição por repetição, em múltiplas sucessões [articulando-se] numa explosão multidireccional.Como em muitas obras de tons frios, em Londres predomina o azul, neste caso carregado, cuja opacidade confere uma sugestão densa e sombria. O cromatismo é utilizado de um ponto de vista dinâmico e orienta a composição segundo o seu ritmo.Esta obra, em que as pinceladas criam formas em vez de lhes obedecer, é um prenúncio das obras dos anos seguintes, com mais liberdade de movimento, e um exemplo do original e pessoalíssimo tratamento do espaço”.MBRExposições individuais:1960 Paris, Galerie Jeanne Bucher, cat. nº8, rep.; 1961 Manheim, Die Städtische Kunsthalle, cat. nº22, rep.; 1964 Grenoble, Musée de peinture et de sculpture, cat. nº51, rep.; 1964 Turim, Museo Civico, cat nº87, rep.; 1967 Treigny, Château de Ratilly, ct. nº10, rep.; 1969 Paris, Musée National d’Art Moderne, cat. nº42; 1969-1970 Roterdão, Museum Boymans-van Beunigen, cat. nº32, rep.; 1969 Tours, Comédie de la Loire; 1970 Oslo, Kunstnernes Hus, cat.nº32; 1970 Basileia, Kunsthalle, cat. nº32; 1970 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, cat. nº134, rep.; 1971 Montpellier, Musée Fabre, cat. nº41; 1972 Colmar, Musée d’Unterlinden, cat. nº20; 1973 Milão, Centro Rizzoli, cat. nº13; 1973 Orleães, Hôtel Cabu, cat. nº27; 1975 Royan, XII festival international d’art contemporain, Palais des Congrès; 1976 Sochaux, Maison des arts et des loisirs, cat. nº25; 1976-1977 Luxembourg-Metz, cat.23, rep.; 1978 Aalborg, Nordjyllands Kunstmuseum, cat. nº42; 1981 Cluny, Salle des Ecuries de Saint-Hugues; 1988 Lisboa-Paris, Fundação Calouste Gulbenkian e Galeries nationales du Grand Palais; 1989 São Paulo, 20ª bienal internacional de São Paulo, cat. nº18, rep.; 1990 Carcassonne, Maison Noubel, rep.; 1991 Madrid, Fundación Juan March, cat. nº32, rep.; 2007, São Paulo, Vieira da Silva no Brasil, Museu de Arte Moderna, il. p. 177;Exposições colectivas:1961 São Paulo, VI Bienal, Museu de Arte Moderna, cat. nº77; 1963 Lausana, Musée cantonal des Beaux-Arts, cat. nºK23; 1966-1967 Bélgica, Art français Contemporain, cat. nº117; 1967 Berlim, Deutsch-Französische Gesellschaft, cat. nº110, rep.; 1975 Saint- Quentin-en-Yvelines, Espaces intuitifs, Maison pour tous; 1977 Dijon, Signes du sacré au XX ème siècle, igreja Saint-Philibert, cat.nº47; 1978 Milão, Ecole de Paris, Palazzo Reale, cat. nº59, rep.; 1979 Lisboa, Escola de Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, cat. nº55, rep.; 1979 Madrid, Abstracción lírica, Dirección General de Patrimonio Artístico, Archivos y Museos, cat. nº55, rep.; 1979 Polónia, Ecole de Paris 1956-1976, cat. nº2, rep.; 1991-1992 Saint-Etienne-Paris, Pour Jean Laude, cat. nº58, rep.](https://fasvs.pt/wp-content/uploads/2022/09/102-275x300.jpeg)




Um primeiro conjunto que engloba o maior volume de obras dos artistas, cerca de 3 200 peças de desenho, pintura e gravura, doadas por Maria Helena Vieira da Silva à Fundação Calouste Gulbenkian, em 1987, ainda o Museu dedicado à sua obra e à de Arpad Szenes não passava de uma ideia/projecto. Esta doação tinha por condição serem todas estas obras depositadas num futuro Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, devendo anexar-se-lhe um conjunto de 71 obras de artistas portugueses da colecção privada da artista.
O segundo grupo de obras a dar entrada no Museu é composto por vinte obras de Arpad Szenes e dezoito obras de Vieira da Silva, seleccionadas pela própria e reiteradas em testamento, destinadas ao Estado Português e negociadas entre os Governos de França e Portugal. Estas obras chegaram a Portugal apenas em Agosto de 1994 e integraram de imediato a colecção do Museu.
O terceiro núcleo, e um dos mais representativos pela sua importância e valor, é constituído por um conjunto de obras de privados, instituições ou coleccionadores particulares, colocado em depósito no Museu à data da abertura do mesmo, em Novembro de 1994 ou posteriormente. Destacam-se neste conjunto as obras do coleccionador Jorge de Brito, hoje propriedade do seus herdeiros, que é sem dúvida uma das maiores e mais destacadas colecções de Vieira da Silva, reunindo cerca de dezasseis pinturas incontornáveis no percurso da pintora. De relevo são também as obras de Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em depósito no Museu, as do Metropolitano de Lisboa e de alguns coleccionadores particulares, patentes na colecção permanente do Museu.
Outras colecções
Arpad Szenes e Vieira da Silva tiveram notáveis percursos profissionais, o que explica a disseminação da sua obra pelos quatro cantos do mundo, seja junto de instituições de renome, desde prestigiados museus e galerias de arte a instituições bancárias, ou de coleccionadores particulares que ainda mantêm, por vezes, o anonimato. Por forma a dar a conhecer esse legado artístico e facilitar o acesso a esses trabalhos, promovendo desse modo o estudo e divulgação da vida e obra de Vieira da Silva e Arpad Szenes, seleccionámos um conjunto, não exaustivo, de colecções nacionais e estrangeiras, sobretudo ligadas a instituições culturais, que reúnem um número mais ou menos significativo de obras do casal Szenes. Muitas destas colecções permitem ser exploradas online, dando assim a oportunidade de melhor conhecer a obra de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes.
Consulte aqui a lista de outras colecções institucionais.