Pedro Avelar

Pedro Avelar , Capricho polar Pedro Avelar, 1989 guache s/ papel 38 x 37,5 cm Col. FASVS

Lisboa 1945 -

Depois do liceu Francês, Pedro Avelar frequentou a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1962-1963) e as aulas, na Sociedade Nacional de Belas Artes, do Pintor Roberto de Araújo e do Escultor Jorge Vieira. Trabalhou no atelier de Jorge Vieira em 1963.

Em Agosto de 1963 foi para Paris, com o apoio da família e dos “amigos de família” Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes. Em Outubro conhece o Pintor Manuel Cargaleiro.

Em Paris frequentou – muito pouco – a Escola de Belas-Artes e o curso de Filosofia, na Sorbonne, que abandonou após 3 anos.

Nunca tendo tido um “professor”, teve três “Mestres” em Paris: Maria Helena Vieira da Silva, Manuel Cargaleiro e, sobretudo, Arpad Szenes que lhe dizia para ir aos museus e ver e tornar a ver pintura.
Em 1971 fez a sua primeira exposição individual na Galerie du Manoir, em La Chaux-de-Fonds, Suiça. Em Portugal, é Manuel de Brito, da Galeria 111, quem a partir de 1965 lhe compra obras. Com o 25 de Abril regressou a Portugal, onde desde então realizou várias exposições, individuais e colectivas, na Galeria 111 e noutras instituições. Reside em Portugal desde 1977 e trabalha a maior parte do tempo em Arouca.

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“A Maria Helena não gostava muito de entrevistas sobre a sua vida pessoal, intelectual e artística. Dizia que «toda a minha vida, o que sou, está na (minha) pintura.»

– «Se perguntam pela minha pintura, tenho de falar da minha vida toda, de pequenina até agora, nem começo nem acabo… e nem tem sentido: tudo o que é está na Pintura… que tento fazer.»

O Mistério da Arte pode aparecer imediatamente, rápido, ou devagar e à custa de muito trabalho… ou nunca. Com a Maria Helena, Ele estava lá sempre, no pé dela!

A Maria Helena falava muito mais de quadros de outros pintores (mais de antigos que contemporâneos, o que é normal, e evidente) que dos seus, já feitos. Mas, em alguns momentos / horas, em frente de um quadro que estava a fazer, era capaz de falar, falar. Sobre o quadro, sobre mil outras coisas. No seu tempo, de concentração: às vezes com música, às vezes em silêncio, às vezes, ou quase sempre, só. Mas podia alterar tudo, num minuto, mas só num minuto. A pintura, estava lá, eternamente. Era o mistério da Arte, “em pessoa”.

E, ao mesmo tempo, estava interessada em tudo, desde a ciência, à chamada “Herança do Mundo”; às pessoas todas e a vida de cada uma delas. O mistério da sua pintura é a beleza que o ser humano inventa, e que o torna, ou faz, em si, Ele mesmo. Não se pode conceber, amar Pintura, sem a Pintura de Maria Helena Vieira da Silva.

Testemunho meu? Sorte, imensa para a minha vida, ter tão bem conhecido e amado a Maria Helena. E o Arpad”.

Pedro Avelar, 12 de Setembro de 2008

Publicado em Au fil du temps: percurso fotobiográfico de Maria Helena Vieira da Silva. Lisboa: Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, 2008, p. 160.

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